domingo

E pronto.

Como para os santinhos lá de cima é impensável deixarem-me viver uns tempos repletos de conquistas e respectiva felicidade, hoje foi dia de receber das piores noticias.

O meu avô tem 89 anos.
O meu avô, pai do meu pai, não chegou, tal como o meu, a saber ser um pai de verdade. Foi ausente, esteve na guerra, trabalhou em França, mas sempre sustentou a familia.
Este meu avô paterno, contrariamente ao meu materno, não teve um papel significativo na minha vida. Não me criou, via-o uma vez por ano, mal me falava e pouco se interessava por mim. Mas não lhe guardo rancor por isso. A mim nunca me fez mal, nunca me magoou, em qualquer sentido. Gosto dele, de uma forma diferente e só minha, e não deixo de me preocupar.

O meu avô encontra-se internado, desde ha uns dias. Hoje, o médico disse-nos que não haveria nada a fazer. E eu dei por mim com um nó na garganta e prestes a soltar as lágrimas.

São provavelmente os últimos dias dele. E eu não sei como arranjar coragem de o visitar.

1 comentário:

Raven disse...

Não será fácil. Sei por experiencia própria. Passei-o com o meu irmão. Achamos que mantemos a calma e no fim, basta passar a porta e sentes um choque astronómico e indiscritivel. Vais vê-lo de um modo que nem sonhas. Mas vais ter de ser forte e fazê-lo antes que seja tarde e te sintas culpada. Força!